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En Lima, no pasa nada

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     Enquanto uma mãe aymara, armada só com o cuidado com a sua criança e a sua saia vermelho puro enfrenta soldados, no pasa nada. Nada acontece.      Segue todo tranquilo. Tudo calmo como sempre, no hemisfério sul da existência.      Eu abro meu vinho, vermelho também. Preparo meu almoço. Respiro a fumaça perfumada da comida no fogo. En Lima, também respiram fumaça.      Compartilhamos, hipocritamente, as cores e os sabores. E o ar que respiramos.      A mujer aymara permanece. Ela sempre vai permanecer. Ainda que acabe o meu vinho --xx--xx-- Desde dezembro de 2022, o Peru vive sob o governo de Dina Boluarte, que assumiu após a deposição de Pedro Castillo. Há protestos contra Boluarte, que têm sido reprimidos com extrema violência, desde então.

Conto: Manutenção da verdade

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Arte: Henrique Sanches O pequeno robozinho ocupava o cubículo habitacional M707, em alguma cidade-satélite de Brasília. Era um robô pequeno, redondo, fruto de um consórcio com a China, com o “corpo” feito de metal e acrílico. Os cubículos habitacionais eram uma conquista de ativistas de direitos civis que haviam conseguido tornar obrigatório que o governo cedesse uma unidade habitacional, uma casa, para aqueles pequenos trabalhadores automatizados. Os ativistas sabiam que uma casa não era algo necessário para robôs. Mas aquela foi uma forma que encontraram de tornar mais caro para o governo o serviço que as máquinas realizavam e, por consequência, dificultar sua adoção em larga escala como vinha ocorrendo nos últimos 5 anos. Para isso, recorriam à retórica de supostos direitos das máquinas à dignidade, valendo-se de uma brecha na definição legal sobre seres inteligentes. Foi uma jogada inteligente que o governo até agora não tinha conseguido contornar. Mas, voltando ao robozinho que no

O Espírito ainda anda?

  Esse texto surgiu de umas publicações que fiz nas redes sociais, algum tempo atrás, em que falo do gibi d’ O Fantasma nº9, publicado pela Mythos Editora e da minha relação com o espírito-que-anda e com seu personagem “irmão” mais velho, o Mandrake. Encomendei esse gibi pela internet, depois de ver uma recomendação aleatória dessas que os algoritmos entregam. Na imagem da capa, o Fantasma e o Mandrake juntos. Já li bastante Fantasma, mas nunca tinha lido nada do Madrake. O primeiro foi meu pai que me apresentou e o filme dos anos 90 com Billy Zane era reprise constante em casa. Já o Mandrake, é um personagem que eu conheci pelo meu avô. Meu vô dividia o terreno com meu tio Henrique e uma portinha separava os limites das casas dos dois. Uma vez, em algum momento dos anos 90, eu estava na caso do meu tio e meu primo, filho dele, ficava andando atrás de mim. Ele era bem pequeno nessa época. Eu tinha combinado de sair ou fazer algo com meu vô e esse priminho não podia ir. Então, nós despi

Hello there!

 Aqui estou eu, começando mais um blog, sem saber direito se vai dar certo. A verdade é que tenho alguns textos publicados em plataformas variadas por aí e resolvi juntar tudo em um só espaço. Então, convido você a acompanhar meus contos, ideias e pensamentos no mundo da ficção e da fantasia por aqui, no Ilário Fantástico! Meu nome é Gabriel Ilário e eu sou professor de História. Além disso, sempre fui envolvido com o universo da fantasia e da ficção, seja como aquele menino lendo quadrinhos, livros, jogando RPG e, depois, mais velho, escrevendo, criando histórias e mundos e analisando as obras dos outros. Vamos lá!