O Espírito ainda anda?

 Esse texto surgiu de umas publicações que fiz nas redes sociais, algum tempo atrás, em que falo do gibi d’ O Fantasma nº9, publicado pela Mythos Editora e da minha relação com o espírito-que-anda e com seu personagem “irmão” mais velho, o Mandrake.
Encomendei esse gibi pela internet, depois de ver uma recomendação aleatória dessas que os algoritmos entregam. Na imagem da capa, o Fantasma e o Mandrake juntos. Já li bastante Fantasma, mas nunca tinha lido nada do Madrake. O primeiro foi meu pai que me apresentou e o filme dos anos 90 com Billy Zane era reprise constante em casa. Já o Mandrake, é um personagem que eu conheci pelo meu avô. Meu vô dividia o terreno com meu tio Henrique e uma portinha separava os limites das casas dos dois. Uma vez, em algum momento dos anos 90, eu estava na caso do meu tio e meu primo, filho dele, ficava andando atrás de mim. Ele era bem pequeno nessa época. Eu tinha combinado de sair ou fazer algo com meu vô e esse priminho não podia ir. Então, nós despitamos ele e, enquanto ele não via, passamos pela portinha pro lado do terreno onde meu vô morava. Meu avô me falou que eu tinha desaparecido igual o Madrake, num truque de mágica. Perguntei quem era Mandrake e ele explicou que era um mágico e que, para o meu primo, eu tinha desaparecido num truque de mágica, igual aos que o personagem fazia. Eu, do alto dos meus 6, 7 anos, fiquei me achando, claro.
Voltando a dias mais atuais... Como fazia tempo que não lia nada do Fantasma, confesso que tive receio de me decepcionar. Também não sabia o que esperar de uma história com a presença do Mágico, mas fui avançando nas páginas.
No fim das contas, a diversão foi ótima. Mas saí das páginas do gibi pensando muito em como esses personagens podiam ainda estar “na ativa”. As histórias dessa edição são até recentes, se considerarmos que são personagens dos anos 30 (mesma década em que o meu avô nasceu): uma é de 2002 e a outra de 2013. E, para quem já leu algum material mais antigo do Fantasma, fica claro que a linguagem foi, de certa forma, atualizada. O traço das duas histórias também chama a atenção: preserva um estilo mais antigão ao mesmo tempo que tem alguns detalhes “atualizados”.
Mesmo assim, a dúvida ainda permanece. Em uma época em que super-heróis arrastam multidões aos cinemas com filmes cheios de superlativos, de efeitos especiais e super poderes mil, será que ainda tem espaço para heróis que conseguem resolver os problemas simplesmente sendo mais fortes, mais rápidos e mais espertos que os vilões? Será que em meio aos dramas psicológicos e de identidade dos heróis atuais, ainda tem espaço para um guardião da floresta que senta à mesa de jantar com a família vestindo seu uniforme completo, com direito a colant e máscara? Eu, pessoalmente, acho que sim. Existe um tipo de entretenimento mais simples, mais ingênuo e menos preocupado, que só esses heróis clássicos permitem. Mas, pode ser que essa seja apenas a opinião de alguém que já esteja virando um “tiozinho”, mesmo sem querer.

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